Análise da Genética da Península Ibérica Parte III:

 Por: Felipe Schmidt Santa Catarina

                                      Os Componentes  Mediterrâneos da Península:

No final da Idade do Ferro e no ínicio da Era Clássica, povoadores mediterrâneos centrais e orientais iniciaram assentamentos na península,carregando consigo, uma extensa mistura de povos do centro e  leste do mediterrâneo, levante, asia menor e norte da áfrica. Os primeiros colonizadores foram púnicos, oriundos das cidades estados fenicias, como Sidon e Biblos, que fundaram cidades, nas regiões sul e sudeste da península, além das ilhas baleares.

Os Fenícios:

 Nos séculos VI e V antes da Era Comum, povoadores fenícios iniciaram a formação de colônias no sul da península ibérica, como Gades, Malaca, Ebusus e Mago, cidades que partilhavam contatos comerciais intensos com os povos auctotones da península, bem como com as cidades punicas da Sardenha, Sicilia e do norte da África. A cidade de Cártago, nas expansões territoriais de seu "império" talassocrático, teria anexado a região e garantido intensa influência em toda a península, até o final da segunda Guerra Púnica, em que fora palco de confrontos entre as potências de Roma e Cartago, culminando com a anexação Romana da região, após a decisiva batalha de Zama, no coração da África Púnica. A influência phoenicia , todavia, manteve-se presente nas regiões de colonização história desse povo, mantendo vivo, no DNA Ibérico, o eterno confronto entre as potências do mediterrâneo.

Os Romanos:

Com o final da Segunda Guerra Púnica, Roma ascendeu em vitoriosa hegemonia sobre todo o Mediterrâneo Ocidental, tornando-se a maior potência à prevalecer no palco da Iberia. A partir de então, uma imensurável influência cultural, política, social e economica romana prevaleceu sobre toda a fração oriental da península. O Componente Romano Imperial remonta ao DNA encontrado na cidade de Roma durante o final da República Romana e a fase do Império, um tanto distinto dos povoadores originais da cidade, os Latini, que originavam-se da mistura entre povos Bell Beakers Italianos e imigrantes troianos, gregos e anatolicos indo europeus, oriundos da Ásia Menor, a partir do colapso da idade do Bronze. Os Romanos Imperiais possuiam intensa mistura com os povos que compuseram o Império, em especial, com Etruscos, Phoenicios e Gregos, que assimilaram-se vorazmente , através de matrimônios e da escravidão, à genética  que determinara o significado de tal componente, tão profundamente que não se pode dissociar a influência destes dos primeiros. É de conscenso histórico que a povoação romana da península antecede o período imperial. Todavia, atesta-se que o maior influxo genético provém de períodos mais tardios, como o final da república e o inicio do Império, momentos quais já possuiam tamanha população, que não poderia apenas o território italiano suportar o contingente. Desse modo, a influência romana fora não somente cultural, mas genética, e presente por quase toda a extensão da península, com exceções dos terrítorios ao norte de Leon, das Asturias, Cantabria e do País Basco, que permaneceram, dado seu relevo montanhoso, inatrativos para os povoadores romanos, que preferiam aportar-se em proximidade do Marem Nostrum, na fracção oriental da península. É de se salientar, também, que por ter uma dominação romana mais antiga, o processo de romanização fora mais intenso por lá. Os romanos, não deixaram apenas sua língua, cultura e modo de vida, mas uma influência genética profunda, não somente dos povos itálicos e rassenos, mas também de todo o mediterrâneo oriental. Relacionam-se a subclades do haplogrupo R1b-U152(Z36, L2),R1b-L23, J2, I2, E1b1b, G2a e J1, todavia, pela presença anterior de algumas dessas(tal como I2,G2a,R1b-U152 e algumas subclades de J2b) e pela intima relação que algumas possuem com outros povos colonizadores(E1b1b, J2, J1), não deve-se atrelar sua presença exclusivamente à povoação romana.
 Os Mouros:


 
A Invasão Moura na Península Ibérica, iniciada no século VIII da Era Comum, coloca um fim no período de dominação Bárbara na Península, e é marcada por uma série de sucessivas conquistas e tomadas, por invasores oriundos dos marrocos, e o estabelecimento de uma civilização,intimamente associada aos povos islâmicos do norte da África, chamada de Al-Andalus, um conjunto de estados, originalmente reunidos com o Marrocos e, posteriormente, com unidade centrada em Cordoba, de cultura árabe, mesclando aspectos das antigas civilizações romanicas, presentes na península, com elementos oriundos dos conquistadores saracenos. A genética dos povos nativos de Al-Andalus associava-se em 50% aos habitantes clássicos da peninsula(uma mistura entre celtas, ibero-aquitanos,romanos imperiais e uma minoria de influência púnica e germanica) com 50% dos invasores marroquinos(norte africanos miscigenados aos arabes beduinos). Todavia, com o processo da reconquista, cada vez mais os mouros foram removidos da península, expulsos para o norte da África, e, posteriormente, para as Américas, tendo legado grande influência cultural para os povos remascentes da península, por sua avançada cultura(seja nas artes, na matemática, na navegação). Sua influência genética se esvaiu, tendo permanecido extensa em locais onde fora menos intensa a inquisição ou menos violento o processo de reconquista. As ilhas canárias destacam-se pelos Guanches, povoadores iniciais das ilhas, cuja procedência coinscinde com os marroquinos, partilhando de mesma estirpe, o que explica a elevada influência na genética da região.


Comentários

  1. Tem alguma recomendação de leitura para aprofundamento?

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  2. Sou J2b-L283
    Não sei se vieram como parte de nobreza ou povão, somos minoria em maioria dos países fora dos Balcãs.
    Provavelmente se deu pela dominação romana e/ou por migrações posteriores vindas com invasões na região da Península Ibérica.
    Minha linha paterna tem Y-match com muitos Silvas e descobri recentemente que também sou, e me pergunto qual seria a linhagem original dos Silva, sabemos que têm origem direta nos Reis de Leon, de origens Visogoda/Sueva, e J2b não seria uma linhagem típica deles, talvez menor vinda com absorção de populações conquistadas.

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